F O Baú Errante: A construção do novo homem

Páginas

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

A construção do novo homem

No domingo, em um espaço de discussão sobre o feminismo, surgiu a indagação: como construir o novo homem, pra além de somente desconstruir o senso comum machista atual?

Como ir pra além de dizer o que é negativo, o que é reprodução da opressão estrutural do patriarcado, e sermos propositivos pra apontar quais os valores que queremos para os homens?
Cada vez mais percebo a importância desse debate. Porque não basta que nós mulheres entendamos a situação na qual fomos colocadas de submissão na sociedade, e nos empoderemos e saibamos resistir e apontar para os nossos companheiros o que precisa mudar. Pra além disso, nos defrontamos com o desafio de pensar e impulsionar o exercitar os novos valores que queremos em nossos companheiros.
O aprofundamento teórico, aliado com as experiências reais no cotidiano, tem me mostrado como esse terreno ainda é difícil e espinhoso. Como estamos presos às construções sociais que nos foram impostas, e como desconstruir esse processo é lento e nunca se esgota.
Dando minha contribuição sobre o assunto da construção do novo homem, acredito que um dos pontos chave é a questão da sensibilidade. E que passa por muito mais do que a afirmação genérica de que "mulher é sensível, homem é insensível".
Outro dia, relatando um ocorrido pra uma companheira, ela me apresentou uma ótima definição: "insensibilidade não intencional". E acho que isso resume muito o que lidamos no cotidiano das nossas relações com homens amigos, parentes, companheiros, e que se firmam como um aspecto muito subjetivo e de difícil análise.
Para os novos homens, queremos que aprendam a sensibilidade, a sensibilidade que vá pra além da superficialidade, a sensibilidade que vá pra além das relações amorosas, mas a sensibilidade que pressupõe um compromisso com os outros. E um compromisso com os sentimentos de todas as pessoas à nossa volta, partindo do entendimento que nos relacionamos cotidianamente com homens e mulheres em muitos níveis afetivos.
E que é necessário estar conscientemente o tempo todo INTENCIONALIZANDO a sensibilidade. Que não se pode se esconder atrás de justificativas como "esqueci", "estava ocupado", "não tive tempo", que é necessário ser intensamente ativo nas relações. Que demonstrar atenção, cuidado, interesse para com as pessoas constantemente é fundamental. Que se preocupar com o outro vai desde valorizar o tempo, a dedicação, a confiança, a disposição que o outro dedica a você. E que o esforço de percepção desses elementos subjetivos das relações humanas é essencial. Que a sensibilidade passa por perceber todos esses aspectos, perceber emoções, debilidades, dificuldades, respeitá-las e responder a elas ativamente e com sinceridade.
A nós mulheres, já nos foi forjada parte dessa sensibilidade, na forma do cuidado com o outro, inclusive acima de nós mesmas.
E ainda nos resta o desafio de canalizar essa sensibilidade para relações que também nos respeitem, e que exerçamos essa sensibilidade de forma consciente, e não apenas como reprodução do padrão que nos foi imposto.
Aqui fica minha contribuição, principalmente para todos os companheiros.
E seguimos no desafio da construção de novos homens e novas mulheres pra uma nova sociedade humana e justa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário