F O Baú Errante: Os motivos de um vegetariano - Meio ambiente

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domingo, 16 de setembro de 2012

Os motivos de um vegetariano - Meio ambiente

Um dia, fuçando em uma livraria, encontrei um livro chamado "Virei vegetariano e agora?". Dei uma folheada, achei interessante e conclui: "Quando eu virar vegetariana eu compro." Dito e feito. No início de julho, após assistir um vídeo de uma palestra do Gary Yourofsky, ativista e defensor dos animais, decidi parar de adiar e me tornar vegetariana de vez, como já planejava há 2 anos. Logo, fui na Estante Virtual e comprei o livro, como prometido.

Como sempre muitas vezes as pessoas enchem o saco me perguntam por que eu virei vegetariana, e eu raramente lembro de todos os motivos, tenho dados em mão ou um bom discurso preparado, resolvi agora fazer uma série de posts com os benditos motivos. Eu poderia escrevê-los eu mesma, mas resolvi usar alguns textos e argumentos do Dr. Eric Slywitch (autor do livro anteriormente mencionado), que já foram lindamente selecionados e maravilhosamente elaborados.

Então, começarei com o menos óbvio: meio ambiente. Leiam e revejam seus conceitos.

"Para quem nunca estudou o impacto da criação de animais no meio ambiente, associar vegetarianismo à questão ambiental pode soar muito estranho. Os meios de comunicação têm demonstrado o impacto da atividade humana nos ecossistemas, mas pouco divulgam sobre o impacto da pecuária. Seja pelo fato de muitos governantes e apresentadores de televisão estarem vinculados à pecuária, seja pela recusa em admitir que nossos hábitos podem ser nocivos ao planeta e devem ser modificados, seja pela ignorância de alguns profissionais que ainda acreditam que o consumo de carne é fundamental para a saúde e por isso não há alternativa à exploração dos animais, a relação entre a pecuária e o meio ambiente é um assunto negligenciado. Devemos repensar o tema com seriedade, em especial por que a abstenção do consumo de carne exerce mais impacto positivo no meio ambiente do que parar de andar de carro.
Relatório emitido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) mostra claramente a preocupação dessa entidade com as consequências da pecuária no meio ambiente. Segundo a FAO, de todas as atividades humanas, a pecuária é a maior responsável pela erosão de solos e pela contaminação de mananciais aquíferos. As emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa também são marcantes nessa atividade, em especial pela produção digestiva dos ruminantes (gases e eructação). No âmbito das atividades humanas, a pecuária é responsável por 9% do CO2 emitido, 65% do óxido nitroso (296 vezes mais agressivo que o CO2), 37% do metano (23% mais nocivo que o CO2) e 64% da amônia (que contribui de forma marcante para a chuva ácida). Segundo a FAO, cerca de 18% dos gases responsáveis pelo efeito estufa são gerados pela produção e pela comercialização de produtos de origem animal. No entanto, esses dados foram recalculados em 2009 por dois cientistas do Banco Mundial para o Instituto World Watch, que chegaram ao seguinte resultado: a pecuária e seus subprodutos respondem por no mínimo 51% dos gases causadores do efeito estufa.

Atualmente a pecuária utiliza 30 % das terras produtivas do planeta, e outros 33% são utilizados para a produção dos grãos utilizados para alimentar o gado. A produção global de carne foi da ordem de 229 miljões de toneladas entre os anos de 1999 e 2001. Estima-se que esse número chegue a 465 milhões de toneladas em 2050. Ou seja, atualmente 63% das áreas cultiváveis do planeta são destinadas à pecuária. Como a previsão de consumo de carne para 2050 é o dobro, precisaremos de 126% da área do planeta para a pecuária, o que é obviamente impossível (caso não hajam mudanças tecnológicas e dos processos produtivos).

A pecuária é a principal causa de devastação de florestas. Para o avanço da pecuária é necessário retirar a vegetação nativa (através das queimadas) para formar pastagem. A FAO estima que 70% do que foi devastado da floresta Amazônica tenha sido para a formação de pastagem, número que continua crescendo. A pecuária foi a principal razão do desmatamento de diversas áreas, como o cerrado. Para se ter uma ideia bastante clara do processo, percorra o estado do Mato Grosso do Sul de carro. Durante todo o trajeto você verá dos dois lados da pista apenas pastagens formadas após o desmatamento da vegetação nativa.

Conforme conquistam mais poder aquisitivo, as populações dos países mais pobres passam a consumir mais carne. Estudos demonstram que, se a Índia e a China começarem a consumir carne como os americanos, a produção de animais de corte não será mais possível por falta de área útil no planeta.

Alimentos de origem vegetal, como frutas e verduras, exigem 95% menos energia fóssil do que o necessário para a produção e o transporte de carne. São necessários 18 quilos de cereais para produzir 1 quilo de carne. Em um acre de terra cultivado com cereais, haverá cinco vezes mais proteína do que se o espaço fosse utilizado para a criação de animais de corte.

E tem mais! São necessários cerca de 15 mil litros de água para produzir 1 quilo de carne, enquanto precisamos de menos de 1.300 litros ara produzir 1 quilo de soja. Esse cálculo é feito computando-se o consumo animal ao longo da vida. Isso significa que a economia na utilização de água é de mais de 90 por cento. Matematicamente falando, a substituição de 1,6 quilo de carne pela mesma quantidade de soja pouparia 75 mil litros de água por ano. Se, todas as semanas, 20% dos americanos e dos canadenses substituíssem 113 gramas de carne de boi pela mesma quantidade de soja, o total de água economizada em um ano seria suficiente para fornecer 40 litros de água potável para cada pessoa do mundo!

Se toda a produção de soja e de grãos destinada ao gado americano fosse destinada aos seres humanos, seria possível alimentar a população mundial 5 vezes.

Segundo alguns estudos, em 2048 não haverá mais peixes no mar. O consumo de carne e de seus derivados tem uma relação direta com as mudanças climáticas que estamos vivendo."

Texto compilado do livro Virei vegetariano, e agora? (desculpem se houver erros de digitação)
Dr. Eric Slywitch - médico especialista em nutrologia

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