F O Baú Errante: O problema do lixo

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sábado, 26 de março de 2011

O problema do lixo

Se consumimos, produzimos lixo. Consumimos demais, logo também produzimos lixo demais. Pense só no lixo que você produz por dia. Não parece muito, mas chega a cerca de 1kg diário. Agora imagine milhares de pessoas descartando essa quantidade de resíduos. E milhões de indivíduos, então?

Não à toa a cidade de São Paulo sofre com alagamentos após chuvas intensas, que são agravados pelo lixo deixado nas ruas, sejam entulhados ou até em sacos esperando o lixeiro passar. Não só isso, mas o despejo dos resíduos nas ruas impede passagem de pedestres e gera mau cheiro, além de uma cena um tanto desagradável para os circulantes. E como se o problema do descarte não fosse grande o suficiente, há ainda a dificuldade de se coletar todo esse lixo, e enviá-lo para o destino adequado, reciclando o que é possível.

Em São Paulo a coleta é feita pelo município em caminhões e os sacos de lixo só podem ser colocados na rua uma hora antes do horário de serem retirados ou após as 18h quando a coleta é noturna. Só que como muitas pessoas estão trabalhando ou em outras atividades durante o dia, fica difícil cumprir a lei, e o lixo continua sendo colocado nas calçadas muito antes da hora. Quanto aos resíduos recicláveis, nem todas as pessoas têm acesso direto à coleta seletiva e devem deixar em pontos que a fazem, ou então, como acontece não só em São Paulo como na maioria das cidades, deixar de separar e enviar tudo para a coleta convencional que vai para o aterro, ou até lixão.

Felizmente, algumas cidades procuraram formas de resolver esse problema. No Brasil, temos Curitiba como o exemplo a ser seguido: a coleta seletiva atinge 100% dos moradores, cabendo aos moradores a separação do lixo orgânico e reciclável. Entre as medidas de incentivo do governo da cidade, é destacada a conscientização dos moradores, assim como o estabelecimento de 90 pontos na periferia, onde 4 quilos de material reciclável pode ser trocado por 1 quilo de alimento. Dessa forma estima-se que 23% do total de resíduos da cidade seja reciclado, uma porcentagem bem alta se comparada à de São Paulo: apenas 1%.

Um pouco mais sofisticado é o sistema de Barcelona, no qual cerca de 30% da cidade conta com a coleta pneumática, em que os moradores depositam seus resíduos em escotilhas e o material é transportado por uma tubulação a 70km/h até uma central de coleta. O material aproveitável é reciclado e o restante, orgânico, é transformado em combustível para mover turbinas que produzem eletricidade. Pode-se dizer, portanto, que há quase 100% de aproveitamento dos resíduos.

O exemplo de Barcelona mostra que é possível resolver um problema, ao mesmo tempo em que se gera riqueza. Não só é evitado um descarte inadequado de lixo, que gera poluição e degrine a imagem da cidade, mas também aproveita-se para gerar material utilizável, evitando a extração de nova matéria-prima, e energia. É dessa e de outras formas que podemos criar projetos de sustentabilidade que, ao invés de ser um entrave para o desenvolvimento, acaba alavancando-o, resolvendo assim o grande impasse de se ser sustentável.


Baseado em informações da reportagem de capa da Veja São Paulo de 19 de janeiro de 2011

Reportagem do Jornal Nacional sobre o sistema de Barcelona, 08/05/2010

3 comentários:

  1. Olha... você me deu o que pensar. Não tinha ideia do sistema de Barcelona mas gostei, mesmo me parecendo inviável.(Imagine só uma tubulaçao de coleta:Deve requerir uma energia consideravel e uma manutençao constante tambem, um vazamento impediria o funcionamento do grande aparelho. Alêm de que costruir deve exigir recursos (tanto financeiros, quanto técnicos) que já torna impossivel fazer no Brasil, infelizmente porque gostei muito disso.haha
    Achei muito interessante a escolha de tema.
    bjos!!

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  2. No video que acabei de colocar fala que o custo acaba nao saindo tao mais alto que a coleta por caminhoes e pode ate vir a ser mais barata.

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  3. O sistema de Barcelona me parece muito, muito interessante. Mesmo sabendo que o custo inicial possa ser elevado, e que a diluição do investimento leve anos, é realmente algo a se pensar. Mas imagine só o Brasil: aqui a gente ainda nem enterrou os fios elétricos, todos pendurados aos montes nesses postes horrorosos, imagine esperar que uma prefeitura invista na construção de galerias imensas pra coleta de lixo. Segundo a tradição política tupiniquim, nenhum prefeito iria "enterrar" votos, carinhoso apelido dado pelos políticos às obras de infraestrutura que não aparecem...

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